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Romance de Eugene Sue OS MYSTÉRIOS DE PARIS sob o prisma da sociedade carioca

Esta comunicação é parte do resultado de minha dissertação de mestrado que analisa comparativamente as dinâmicas de mercado nas apropriações de romances-folhetins franceses no Rio de Janeiro entre 1840 e 18602.

O objetivo desta comunicação foi apresentar as gêneses do fenômeno social constituído pela circulação do romance Os Mystérios de Paris, do escritor francês Eugène Sue, na cidade do Rio de Janeiro. Mediante uma análise articulada entre a obra, o mercado e os leitores, buscamos compreender a recepção e o impacto desta obra no contexto da sociedade oitocentista carioca.

Neste sentido, entendemos que o fenômeno causado por Os Mystérios de Paris do escritor francês Eugène Sue foi uma combinação entre o autor e a própria narrativa, juntamente com os atributos relacionados ao contexto de produção de obra na França, os mecanismos editoriais que envolveram esta publicação no Brasil e as apropriações do romance, tanto pelo mercado, como pelos leitores que motivaram o trânsito das ideias de Eugène Sue entre o público leitor carioca e, em consequência, as províncias.

Tendo como foco a percepção do escritor acerca de sua própria realidade para a construção do romance que buscava suscitar um debate sobre as questões e os conflitos de seu tempo e de seu espaço social, a Paris oitocentista, tentamos interpretar como tais questões foram percebidas e apropriadas pela sociedade brasileira, uma vez que os leitores do Rio de Janeiro situam-se em uma realidade distinta do contexto representado pelo escritor francês.

Um dandy escritor de romances sociais

Eugène Sue nasceu em 1804, no seio de uma rica família burguesa, descendente defamosos médicos franceses. O futuro escritor teve como madrinha em seu nascimento, Josephine de Beauharnais, esposa de Napoleão Bonaparte, e seu filho, Eugène de Beauharnais.Seu pai, Jean-Joseph Sue (1760-1830) era médico particular da esposa de Napoleão, cavaleirode honra e médico chefe da Guarda Imperial e, por conseguinte, Eugène Sue estava destinadoa seguir uma carreira de prestígio na medicina, tal como o pai e o avô.

Portanto, seu pai havia conseguido uma vaga de aprendiz de médico na marinha e, em pouco tempo, o jovem Sue partiria para sua primeira viagem a bordo da Armada francesa como médico-cirurgião. Na marinha, Eugène Sue pode viajar para lugares distantes, como as Antilhas, a Espanha, Grécia além de participar de importantes campanhas militares como a batalha de Navarino, em 1827, quando a França derrotou os turcos. Ao retornar à França, Sue manteve seu estilo de vida burguês, combinado o dandismoque lhe era peculiar na elegância de se vestir, na extravagância de seus gostos e pela sua presença nos mais concorridos círculos sociais, como salões e no Jockey Club.

Em 1830, Eugène Sue recebe uma imensa fortuna deixada por seu pai que havia falecido neste ano e passaria a viver de luxo, ostentação e dos prazeres que a riqueza promove, motivando-o a desistir da medicina. Ao mesmo tempo que decide escrever publicar seu primeiro romance, Kernock, o pirata, recheado de aventuras marítimas, piratas e batalhas, uma influência clara de suas experiências em alto-mar. A boa aceitação de seu romance, impeliram-no a continuar a escrever publicando na sequência, Atar-Gull (1831) A Salamandra (1832) e A Vigia de Koat-Ven (1833). Estes romances fazem parte da primeira fase do jovem escritor, a de romances marítimos. Em seguida, Sue lança-se nos romances históricos, influenciado pela obra de Alexandre Dumas e Walter Scott, que faziam tanto sucesso entre os leitores contemporâneos.

Desta época, foram publicadas obras de sucesso, como Lautréaumont (1837), cujo enredo se desenrola durante um complô contra o rei Luis XIV, e o romance-folhetim, Jean Cavalier(1839), que contava as tramas de um dos principais líderes da revolta calvinista durante o reinado do Rei Sol. Nesta altura, Eugène Sue já era um contumaz escritor de folhetins para o jornal La Presse e já obtinha sucesso no campo literário (MIRACOURT, 1859: 70).

Continua…


Esta comunicação foi apresentada no Encontro Internacional e XVIII Encontro de História da Anpuh-Rio em 2018. Para o texto completo, acesse este link:

https://www.encontro2018.rj.anpuh.org


OpenEdition sugere que esta publicação seja citada da seguinte forma:
Danielle Lacerda (13 de Fevereiro de 2022). Romance de Eugene Sue OS MYSTÉRIOS DE PARIS sob o prisma da sociedade carioca. História do Livro. Recuperado em 5 de Novembro de 2024 de https://doi.org/10.58079/qz9x


Danielle Lacerda

Historiadora e Administradora de Empresas, docente em cursos de graduação. Minhas pesquisas atuais em História circulam entre a história do livro e das livrarias. Também me interesso pelo vínculo da tecnologia digital com a História. Curiosa, colecionadora de livros e histórias perdidas.

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